Seja por preferência ou circunstância, há aqueles que se preparam para os vestibulares sem o auxílio de professores, definindo um plano de estudos próprio. A facilidade de achar conteúdos na internet e o menor custo, são uns dos principais fatores que levam alguns estudantes a trocar a carteira do cursinho pela escrivaninha do quarto.
"Estudar sozinho é bastante viável, principalmente com os recursos online acessáveis em qualquer lugar. Mas é importante ter cuidado com as fontes das informações e criar um bom método de estudos", explica a professora de Biologia, Barbara Valeska.
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Estudar assim requer disciplina. E para alcançá-la, cada um cria seus próprios métodos. A estudante de Direito da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), Caroline Ribeiro, 17, acredita que estudando sozinha rendeu até mais do que quando tentou fazer cursinho. "Acho que gastaria muito tempo indo para cursinho, por isso optei por usar esse tempo me preparando em casa. Passei nesse [curso de Direito] e mais três cursos superiores com meu próprio método", diz Caroline.
A estratégia da universitária é administrar o tempo, estabelecendo uma carga horária diária. "Para o Enem, no ano passado, dediquei seis meses, estudando de domingo a domingo em média quatro horas por dia", conta. Além disso, Caroline diz que procurava aproveitar o máximo desse tempo escapando das distrações em casa, recorrendo a bibliotecas ou estudando de madrugada, costume que permanece na vida universitária, equilibrando o uso de livros e pesquisas na internet.
Já o estudante do curso de geologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Paulo Correia, 25, coordenar conteúdo e tempo é mais complicado. Ele vai fazer vestibular novamente este ano e tem de conciliar as atividades da faculdade ao preparo para o Enem. "Dedico cerca de uma hora e meia para estudar os assuntos mais específicos para o curso que desejo ingressar", explica Paulo, que vai tentar Agronomia na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).
Paulo Correia recorre, também, à biblioteca do seu departamento acadêmico para estudar para o Enem. Foto: Felipe Cabral/NE10.
Para o universitário, a vantagem é poder encontrar grande quantidade de conteúdos na internet, principalmente através de aulas no YouTube. "Também recorro a livros e apostilas emprestados de amigos", completa.
A fim de conseguir bom rendimento mesmo com horário limitado, Paulo destaca a experiência em edições anteriores do exame. Esta é a quarta vez que o universitário se inscreve no Enem (modelo novo). "A experiência dá maior confiança e tranquilidade ao lidar com as provas, mas pode ser uma armadilha. Confiança em excesso pode fazer você se acomodar. Minhas notas foram aumentando a cada vez que fazia", pondera.
Apesar de julgar seu desempenho razoável, Paulo diz sentir falta de orientação externa na questão da seleção do conteúdo, além de um horário bem definido. "Não ter conteúdo dosado semanalmente, em um cursinho ou por um professor, torna a preparação mais difícil", explica.
Já para Thiago César,27, o fator custo é o que pesa. Ele diz optar pelo estudo autônomo por avaliar que "os cursinhos presenciais quando são mais baratos acabam nivelando o conteúdo por baixo". "Para se ter uma ideia, bons pré-vestibulares, com muito conteúdo, saem mais caros que muita faculdade particular", completa.
Terceiro sargento do Exército, Thiago está se preparando para os cursos de Formação de Oficiais do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar da Paraíba - ambos com ingresso a partir da nota do Enem - e aponta como recurso eficiente e mais em conta, pacotes de aulas via internet. "Na plataforma online que utilizo, pago R$ 20 por mês e tenho acesso a conteúdo ilimitado, monitoria ao vivo e duas redações corrigidas por mês", relata.
Mesmo com a variedade de conteúdo online, Thiago diz que os livros são imprescindíveis por complementarem com "exercícios e teoremas mais complexos geralmente não abordados nas aulas".
8 dicas baseadas nas opiniões dos nosso entrevistados para o fera recapitular:
- Administração do tempo é fundamental, mas é bom ter critério com as horas reservadas para determinadas disciplinas. Maior tempo deve ser reservado para as matérias em que se tem maior dificuldade.
- A internet é um ambiente com variedade de informações, algumas delas pouco ou nada confiáveis. É importantíssimo ter cuidado com as fontes.
- Estudando sozinho ou não, o fera deve ter em mente que a maior dedicação aos estudos vai lhe sacrificar algo na vida. Trocar a badalação com os amigos por uma madrugada regada a café e livros é beeem difícil, mas a aprovação no curso desejado vai compensar o sacrifício.
- A teoria deve ser colocada em prática. Ou seja, invista na resolução de exercícios, utilizando livros, provas antigas e simulados online como o Hora do Enem.
- Leia matérias jornalísticas e artigos científicos sobre assuntos da atualidade. Estar bem informado aumenta a probabilidade de um bom desempenho na Redação.
- Trabalhe a confiança em si próprio e não se deixe abalar pelo alto grau de concorrência do curso escolhido. É importante que você esteja focado e satisfeito com o desempenho na preparação para as provas.
- Concentração! Para quem vai estudar online, por exemplo, é bom desabilitar as redes sociais e notificações de aplicativos.
- A experiência em provas anteriores de vestibular conta muito para concentrar os estudos nos assuntos em que o fera se considera mais fraco. Mas atenção: confiança em excesso pode gerar acomodação.
